segunda-feira, 15 de julho de 2013

ACAMPAMENTO NO PICO DOS MARINS


Vista do Marins (esquerda) e Itaguaré (direita) de Guaratinguetá.
          Mais um inverno, mais uma temporada de montanha e, entre uma escalada e outra, sempre reservamos um tempo para nossas velhas e belíssimas montanhas e travessias da Mantiqueira. Não faz tanto tempo assim, coisa de uns 10 anos, íamos no Marins, Itaguaré, Pedra da Mina ou qualquer outro pico daqui e andávamos sozinhos nas trilhas, sem ver sinal de civilização, sem ter que disputar um espaço pra montar a barraca. De lá pra cá, as pessoas começaram a tomar gosto e a descobrir o montanhismo e o quão gratificante e enriquecedor é passar uns dias na montanha, descobrindo a natureza e a si mesmos.
Da esquerda para direita: Luís Flávio, Lílian, Alexandre, Marcelo(em pé), Raquel, Carlão(em pé)  e Rodrigo.
        Dessa vez, fomos Lílian (minha mulher) e Eu com o objetivo de atingir o cume do Marins (2.421m) no sábado dia 13/07 e acampar, para descermos no domingo.  A novidade, pelo menos pra mim, era a estréia de uma tão sonhada mochila, uma Deuter aircontact PRO 60 + 15 que eu já namorava fazia tempo, fiz questão de subir pesado para testar  a bichinha, que, é claro, confirmou todas as melhores expectativas já famosas mundo afora.
Lílian no início do terceiro maciço.
       
Amarilys no caminho.

      


Saímos de Guará pelas 8:00h, não nos preocupamos em sair mais cedo já que iríamos acampar, e chegamos no Miltão às 10:30h, onde conhecemos mais duas turmas, total de 5 pessoas, todas calouras na expedição:  Alexandre e Carlão de São Paulo  e  Raquel, Rodrigo e Marcelo de Poços de Caldas-MG que logo se juntaram à nós.
Luís Flávio entre os segundo e terceiro maciços.
           O clima estava agradável, nublado, temperatura por volta dos 20 ºC e bastante vento, o que colaborou com a subida.  Atingimos  o morro do Careca cerca de 40 minutos depois onde após uma breve pausa para nos reunirmos, tocamos adiante na primeira subida forte da rota. O acesso ao primeiro maciço é bastante íngreme com a trilha bem marcada, aliás, marcada até demais pois é visível um certo desgaste devido ao grande fluxo de aventureiros, e logo avistamos a pedra da Andorinha onde contornamos e descansamos na Pedra Quadrada ( também conhecida como pedra do Marco Aurélio - escoteiro desaparecido há anos neste local que nunca mais foi visto). Nesse momento, um susto. Ao olharmos pra trás avistamos um Senhor, cerca de 60 anos, vestido com traje social, havaianas e com uns 4 sacos plásticos transparentes grandes nas mãos , que parou sem se aproximar  muito da gente e ficou falando sozinho e cantando, o que nos deixou bastante surpresos. Quem seria?? Marco Aurélio??? hahahaha.  

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Vista do Itaguaré antes da última subida.



         Bem, após um lanche, encaramos o segundo maciço, mais curto e mais íngreme que o primeiro, mas ninguém ainda dava sinal de cansaço. Entre o segundo e o terceiro maciços, no charco, outro susto: olhamos para trás e, quem estava lá?? Novamente o homem dos sacos, que nunca se aproximava da gente, mantinha uns 20 metros de distância. Se parássemos, ele parava também. Daí pra frente, tomei uma decisão errada e fui muito para a esquerda, desviando da lama e do caminho também, levando o grupo para um esforço extra, fora do previsto, o que nos atrasou um pouco.  Voltando ao curso correto, tratamos de apressar o passo e logo vencemos a última etapa, já sentindo o frio que nos seria reservado durante a madrugada. 
Pôr do sol no pico.
Cidade de Cruzeiro ao fundo.

           O Pico estava cheio, pelo menos umas 15 barracas mas ainda assim conseguimos montar as nossas em bons lugares abrigados do vento que estava violento, cerca de 50km/h, o que foi crucial. Um pouco desanimados pelo céu fechado, fomos para as barracas fazer um rango. E, antes de dormir, resolvemos sair para bater um papo com o pessoal. Ainda bem que o fizemos, pois as nuvens tinham-se ido e o que vimos foi uma chuva de estrelas cadentes, além das cidades lá no vale, desde São José dos Campos até Queluz, espetáculo. Mas o frio apertou, o vinho acabou e fomos obrigados a nos recolher, devia fazer uns 5 ºC mas com o vento à 50km/h, a sensação térmica foi de -10 ºC.
           De manhã, tudo branco, não se via mais que 10metros à frente e o vento assoviava.  Nada daquele belo nascer do sol de fotos eternas.
           Uma primeira turma se arrumou e saiu para a descida. Não deu 10 minutos e voltaram dizendo que não acharam o caminho, motivos óbvios. Após tomar um café, começamos a nos arrumar e partimos também, formando um bloco de umas 20 pessoas.

            Com cautela, iniciamos o retorno e o tempo abriu quando já estávamos chegando no segundo maciço. Daí pra baixo foi só deixar a inércia agir e pronto. Logo estávamos nos nossos carros nos despedindo após mais um fim de semana na montanha, com novos amigos e mais experiência na mochila, além de belas fotos.

                                                LUÍS FLÁVIO OLIVEIRA
Descida.



2 comentários:

  1. Lindo, espetacular a natureza! Mas, quanto ao Homem, pela idade não seria o Marco Aurélio, mas, não seria outro senhor que desapareceu em 1989 aos 39 anos, ele era filho do antigo guia da região Sr. Afonso Xavier, neste ano se estivesse vivo teria uns 63 anos, ele sofria de epilepsia. Saiu de sua casinha e nunca mais o encontraram.

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