segunda-feira, 27 de maio de 2013

LIBERAÇÃO DO SETOR ACAMPAMENTO NA FALÉSIA PARAÍSO.


         Após quase um ano de luta contra algumas insistentes habitantes desta parte da Falésia, conseguimos com a ajuda de agora nosso amigo e salvador Edson Timóteo, apicultor há mais de 20 anos, remover uma colmeia de abelhas africanas que habitavam na rocha pelos 40 metros de altura e que, de súbito, surtia ataques contra quem quer que se aproximasse do local.
       Para a segurança de todos, inclusive das abelhas, achamos por bem contactar um especialista para cuidar do assunto. O trabalho exigiu um grande planejamento, pois primeiro teríamos que localizar com precisão o local do enxame, pois nem isso conseguíamos ver de baixo, para depois pensar em como as removeríamos.
        Em dezembro passado, Eu e Inácio demos o primeiro passo abrindo uma trilha que dava acesso ao topo da rocha, pelo lado de trás. Feito isso, chamamos o Edson para analisar o quadro. Daí o negócio começou a complicar. Tínhamos que rapelar a partir do topo, em uma suposta direção que achávamos que estaria a colmeia, mas para chegar na beira do abismo, tivemos que ancorar uma primeira corda para rapelar e conseguirmos nos aproximar da borda, pois a montanha é bem íngreme lá em cima. Um detalhe: tudo isso com aquela maldita roupa anti-abelha.
      Felizmente, esses anos de experiência nos serviram para muita coisa e vencemos a primeira batalha: rapelamos exatamente na direção de uma fenda onde demos de cara com as crianças que, é claro, mais uma vez demonstraram toda sua ira contra nós.
       Após essa etapa, a operação se mostrou mais difícil do que esperávamos pois o alvo estava debaixo de um super teto que nos jogava para fora no hora do rapel nos afastando uns 3 ou 4 metros da parede. Então, como nos aproximar? 
        Fizemos um conselho de guerra para planejarmos nossa estratégia, organizar a logística e o momento adequado para a empreitada.
        Esperamos por quase 6 meses a chegada do outono, aconselhado pelo nosso especialista visto que nessa época, devido à temperatura estar mais baixa, as abelhas tendem a se resguardar dentro da colmeia, e planejamos a operação para uma madrugada bem gelada, também informação privilegiada do nosso informante, pois nosso inimigo não enxerga no escuro.
          Madrugada de 26 para 27 de junho de 2013, o dia D. Montamos acampamento nas redondezas do campo de batalha, com equipamento pesado (literalmente, pois foi sinistro subir a trilha com cordas, roupas anti-abelha, fumaçador, etc) e aguardamos a chegado do nosso agente secreto, Edson, que chegara pelas duas horas da manhã. Não perdemos tempo, nos agasalhamos e rumamos morro acima Eu, Pozinho, Inácio e Edson.
         Já no cume, nos equipamos e desci primeiro seguido pelo Inácio enquanto o Pozinho ajudava o Edson (que não tem experiência em vertical). Após o primeiro rapel de acesso à parte de cima do grande teto batemos uma base tripla com P´s. Outra estratégia importante que foi crucial, foi  a colocação de uma lâmpada pendurada que iluminasse a colmeia mas que ficasse afastada da gente, pois segundo nosso informante, elas atacariam o foco de luz, então tivemos que descartar nossas headlamps. Fixei a corda estática, fechei minha roupa e desci até ficar na reta do objetivo. Chamei o Inácio e ficamos, de longe e ainda sem ser atacados, calculando o próximo passo. Nos pareceu impossível chegar até a fenda, era muito distante e estávamos totalmente dependurados no negativo. Após uns 30, 40 minutos, antes de desistir,  resolvi jumarear até a base e descer o Edson para dar o parecer. Para nossa surpresa, minha e do Inácio, O CARA nem titubeou. Logo farejou o buraco correto e, ajudado por alguns prussiks feito com fitas em um fino galho de Embaúba providencialmente localizada ali perto, conseguiu atingir o alvo e executou o serviço que se encerrou pelas 7h da manhã, já com o dia claro.
          Recolhemos todo o arsenal e voltamos ao quartel general (camping) para comemorarmos o sucesso da operação que culminou em mais um belíssimo setor disponível para enchermos de vias.
           Agora o trabalho é com a furadeira. KMON!!!

                                                                                                             Luís Flávio Oliveira       

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